quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O banho de cachoeira e as amigas de cada dia

Foto: reprodução web
Um dia desses recebi uma mensagem de uma amiga querida, logo após a leitura de um texto que eu publiquei. Dizia algo assim: “adorei o texto. Que saudade, conversar com vocês (referindo-se ao nosso grupo de amigas da faculdade) é como tomar um banho de cachoeira”. Nunca tinha pensado numa definição como essa, entretanto, para mim foi perfeita.

Uma conversa com as amigas realmente é isso, um banho de cachoeira. Um banho revigorante, que acorda e lava a alma. Pouquíssimas coisas nesta vida são tão boas quanto estar na presença delas. Irmãs, primas, amigas de colégio, da faculdade, do trabalho, da vida. Não importa como foram “adquiridas” – para falar a verdade, algumas eu nem sei como se tornaram minhas amigas...

Quando tudo está pesado demais e precisamos desabafar não existem ombros e ouvidos melhores. Quando tudo está pesado demais e não temos força para desabafar, falar com elas sobre outros assuntos e rir de coisas bobas fazem os problemas não só parecerem menores, mas, realmente, ficarem menores. Esses encontros possuem algo de mágico: sempre há um buraco negro que puxa parte do peso que está sobre nossos ombros. Saímos mais leves sem que alguém saia mais pesada.

E com as partes boas da vida não é diferente. A felicidade delas sempre aumentará a nossa. Lembro-me perfeitamente quando liguei para uma das minhas melhores amigas, que estava morando nos Estados Unidos, para contar sobre o começo do namoro com o Bernardo, meu marido (uma história de cinema, quem sabe um dia conto aqui). De repente ela começou a chorar do outro lado, emocionada com a minha felicidade. Existe algo tão puro e valioso quanto isto?

Tem as que estão todo dia ao nosso lado e não há nada que elas não saibam, são capazes de prever nossas reações melhor que nós mesmas. Existem outras que as escolhas feitas e as surpresas da vida nos afastaram um pouco, porém são sempre um refúgio seguro nos momentos de turbulência ou uma lembrança que aquece o coração.

Aprendi no berço a importância de se manter as amizades e em se fazer sempre novas. Meus pais são cercados de amigos queridos. Alguns já estão ali há anos (como as “meninas do colégio”, amigas da minha mãe), outros foram aparecendo ao longo da jornada e sempre há espaço para novos. Cada ser humano é único, achar que já temos amigos na quantidade suficiente é perder uma oportunidade enorme de aprender com o outro e ser feliz de novas maneiras.

Morro de preguiça quando alguém diz que não existe amizade verdadeira entre mulheres, principalmente quando isso é dito por uma mulher – nesse momento só desejo que ela possa ter experiências futuras que a faça mudar de ideia. Tenho amigos muito especiais, no entanto, existe alguma coisa de especial no que diz respeito às amizades femininas. Algo de cumplicidade, de “eu sei como você se sente”... Talvez seja a mesma cumplicidade que os homens têm entre amigos em seus rituais masculinos – a pelada de terça a noite, o time de futebol, o videogame. Para nós basta um lugar, qualquer que seja. Pode ser um jantar regado a vinho, um bar para tomar uns “bons drinks”, um almoço, uma ida a padaria ou a um café no fim do dia, uma pizza em frente ao sofá, uma volta ao parque, pode até mesmo ser um telefonema ou uma “conversa maiorzinha” no whatsapp... É sempre um delicioso banho de cachoeira!

Às mulheres da minha vida, todo meu amor e gratidão.

“Todo dia eu agradeço tanta gente que conheço
E num mundo tão avesso, essa gente não tem preço,
Pois são demais, são pura Luz”